Teme a morte repentina, e a justa sentença

 de condenaçaõ.

SONETO LXXI.

TEmer, que se execute huma sentença,

A todo humano ser notificada,

Acção he natural, mas bem fundada

Na conta de huma offença,e outra offença.

Imaginar que he qualquer doença

Precursora da morte decretada,

Que muyto , se tal vez dissimulada

Vem sem aviso , sempre sem licença !

Condene meus temores quem se atreve

A viver sem temor no breve encanto

Da vida, que conhece por taõ breve:

E tema eu (Señor) com justo espanto;

Porque,se só naõ teme quem naõ deve,

Bem, he que tema eu, pois devo tanto.